O PAPEL DO ACASO NO AVANÇO DA CIÊNCIA!


A penicilina «nasceu» assim!

2012-03-19
Por Duarte Barral (colunista)

 Reza a história que Sir Alexander Fleming deixou uma placa de petri com uma cultura de Staphylococcus esquecida e que nesta cresceu um fungo contaminante. Quando ele reparou que havia um halo livre de bactérias em redor do fungo percebeu que o fungo tinha a capacidade de matar as bactérias. Esse fungo era um Penicillium e o que matou as bactérias foi a substância que é vulgarmente conhecida por penicilina e que terá porventura salvado mais vidas na história da humanidade do que qualquer outra.

 Este episódio é um dos mais emblemáticos do papel que o acaso pode desempenhar no avanço da ciência. Mas há muitos outros casos como por exemplo:

- o teflon, que foi descoberto quando Roy Plunkett procurava um novo gás refrigerante;



- as microondas, que foram descobertas por Percy Spencer quando notou que o magnetrão de um radar tinha feito derreter uma barra de chocolate que estava no seu bolso;


- a aplicação dos raios X à medicina, quando Wilhelm Roentgen percebeu que as emissões de tubos de raios catódicos atravessavam os materiais e o corpo humano deixando claramente visíveis os ossos, em contraste com os tecidos moles circundantes. A primeira radiografia terá sido mesmo da mão da esposa de Roentgen em que se vê o seu anel opaco e os ossos da mão bem definidos;


- a natureza eléctrica dos impulsos nervosos, descoberta quando Luigi Galvani observou que um objecto metálico que tinha acumulado electricidade estática, ao tocar no nervo ciático de uma rã provocava a contracção muscular.

 Em todas estes momentos houve um acontecimento fortuito que permitiu descobertas revolucionárias mas em todos eles houve também alguém que percebeu o potencial da descoberta e por isso não será correcto referirmo-nos a estas descobertas como pura sorte. Em inglês a palavra "serendipity", que significa fazer uma descoberta afortunada por acidente, ou enquanto se procura outra coisa, descreve bem melhor estes acontecimentos do que propriamente as palavras sorte ou acaso.

 A verdade é que Sir Alexander Fleming tinha investigado substâncias antibacterianas e imediatamente reconheceu o significado daquele halo livre de bactérias. Provavelmente outra pessoa teria deitado aquela placa fora pensando que teria sido uma indesejável contaminação que tinha estragado aquela experiência.

 Para qualquer cientista é pois importante traçar uma linha de investigação baseada numa hipótese mas não é menos importante estar atento aos resultados que surgem inesperadamente e que em vez de significarem um revés podem antes significar um avanço importante.

 Por isto Pasteur não podia estar mais certo quando afirmou que "o acaso só favorece a mente preparada.
"
Duarte Barral:
[fonte Ciência Hoje]


Agora eu vos pergunto: O acaso existe?

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